Quando questionadas, as pessoas dizem que envelhecer em casa é a opção que permite um envelhecimento com mais qualidade. Esta é uma realidade comprovada pela investigação, consagrada como princípio pela OCDE e constatada por cada um de nós, quando intimamente nos questionamos sobre isto. À medida que envelhecem, as pessoas têm necessidade de viver em ambientes que lhes proporcionem o suporte necessário para compensar as mudanças associadas ao envelhecimento, algumas delas sinónimo de perda de capacidades. A criação e manutenção de contextos favoráveis e facilitadores do envelhecimento é uma tarefa indispensável para a promoção do bem-estar das pessoas idosas, para que elas possam continuar a ser, pelo maior tempo possível, autónomas e socialmente relevantes.
Assim, prolongar a permanência das pessoas mais velhas na sua casa, no seu ambiente, é a opção certa para a maioria das pessoas. No entanto, sabemos que nem sempre é fácil conseguir este objetivo, devido às alterações sociais que o envelhecimento demográfico e outras mudanças na estrutura organizativa das sociedades contemporâneas. Os dados dos últimos sensos (INE, 2021), revelam que em Portugal, a dimensão média dos agregados domésticos privados diminuiu de 3,7 para 2,5 pessoas (de 1970 a 2021), e os agregados constituídos por uma só pessoa representam 28% do total dos agregados. Destes, uma percentagem elevada, são constituídos por pessoas mais velhas, reformadas e com menor nível de escolaridade, maioritariamente mulheres (61%). Verifica-se um expressivo aumento deste tipo de agregado (havendo 1.027.871 em 2021) relacionado com o fenómeno do envelhecimento demográfico, com a maior mobilidade geográfica das famílias, com o menor número de filhos por casal e a, cada vez mais generalizada, participação da mulher no mercado de trabalho.
Em Portugal existem várias respostas sociais destinadas a apoiar as necessidades das pessoas mais velhas, cada uma com objetivos específicos. Abaixo, analisamos as vantagens e desvantagens de cada uma dessas opções, auxiliando as famílias na escolha mais adequada.
Resposta social, que consiste na prestação de cuidados e serviços a famílias e ou pessoas que se encontrem no seu domicílio, em situação de dependência física e ou psíquica e que não possam assegurar, temporária ou permanentemente, a satisfação das suas necessidades básicas e ou a realização das atividades instrumentais da vida diária.
Resposta social, desenvolvida em equipamento, de apoio a atividades sócio recreativas e culturais, organizadas e dinamizadas com participação ativa das pessoas idosas de uma comunidade.
Resposta social, desenvolvida em equipamento, que consiste na prestação de um conjunto de serviços que contribuem para a manutenção das pessoas idosas no seu meio sociofamiliar.
Resposta social, desenvolvida em equipamento, que consiste no acolhimento noturno, dirigido a pessoas idosas com autonomia que, durante o dia permaneçam no seu domicílio e que por vivenciarem situações de solidão, isolamento e insegurança, necessitam de acompanhamento durante a noite.
Resposta social que consiste em integrar no domicílio de famílias consideradas idóneas, pessoas idosas e adultas com deficiência, de forma temporária ou permanente.
Resposta social desenvolvida em equipamento, destinada a alojamento coletivo, de utilização temporária ou permanente, em que sejam desenvolvidas atividades de apoio social e prestados cuidados de enfermagem.
Trata-se de uma nova resposta social vocacionada para combater o isolamento de pessoas em situações vulneráveis, como idosos e pessoas com deficiência ou incapacidade. O idoso vive numa habitação privada, onde existem espaços comuns que podem ser de refeições, de convivência e lazer que partilha com os outros residentes neste espaço.
Cada resposta social apresenta vantagens e desafios específicos. A escolha adequada depende das necessidades individuais do idoso, do seu nível de autonomia, das condições familiares e económicas. O ideal é que haja uma avaliação cuidadosa, considerando-se não apenas os serviços oferecidos, mas também o impacto emocional e social da decisão. Um envelhecimento de qualidade deve priorizar a dignidade, a segurança e o bem-estar em todas as fases da vida.